De acordo com Vico, o conhecimento tem uma finalidade, por
isso a crítica que ele dirige aos eruditos, tanto aqueles da tradição quanto os
de seu tempo. Objetiva demonstrar que a finalidade do conhecimento é o
aperfeiçoamento, mediante a instrução do individuo e a preservação do
patrimônio cultural adquirido. Daí sua preocupação com a manutenção e o estudo
das coisas relacionadas ao mundo civil. As críticas endereçadas contra uma sapiência
sem conteúdo, destituída de qualquer relação com o mundo humano e utilizada
somente como adorno de erudição, tinham por principal meta uma valorização da filosofia
tópica em oposição a uma filosofia critica[1],
em particular quando da antecipação desta no método de ensino [2].
Herdeiro da tradição retórica, Giambattista Vico teve o
discernimento, a determinação e o empenho de difundir o significado prático do
conhecimento. Buscou, mediante seus escritos, transformar e tornar as vias que
conduziam ao saber, um tanto quanto mais seguras. O caminho do conhecimento
deveria ser percorrido sem receios de percalços, e a aquisição de erudição
implicava esforços, labuta: daí suas críticas aos manuais da época. Tais
manuais “facilitavam” demasiadamente a obtenção de erudição. Dizia ele que
muitos preferiam a facilidade e praticidade desses manuais [3].
Suas preocupações com essas questões moveram-no a escrever
alguns escritos que tratavam desses problemas: as Orazioni Inaugurali, o De
ratione e a Vita. Contra aquelas
filosofias que punham em risco a civilidade, Vico contrapôs as doutrinas
daqueles pensadores que denominou de “filósofos políticos” [filosofi politici], entre os quais
contavam Platão, Aristóteles, Cícero, Quintiliano etc. Todos aqueles autores
que tiveram por preocupação a vida política e moral. De acordo com Vico:
Ao mesmo tempo as obras filosóficas de
Cícero, de Aristóteles e de Platão, todas trabalhadas em ordem para bem regular
o homem na sociedade civil fizeram que ele nada ou muito pouco apreciasse a
moral tanto dos estoicos como dos epicuristas, posto que ambas são uma moral de
solitários: dos epicuristas, porque de desocupados fechados nas suas hortas; dos estoicos, porque de meditantes que se esforçavam para não sentir paixão
(tradução nossa) [4].
Os juízos sensatos, que Vico formulou contra os métodos de
ensino de seu tempo na busca do conhecimento e das vias para obtê-la,
consideravam a mais tenra idade daqueles que se iniciavam nos estudos. Para
tanto, ele considerou os próprios caminhos que percorrera[5].
Conforme Vico, levar as crianças e jovens às reflexões abstratas demasiadamente
cedo, tornava-os inaptos à compreensão e entendimento dos problemas mais
simples, em especial, aqueles da vida cotidiana. Nesse ponto, os antigos foram
mais sábios, pois na educação de suas crianças os raciocínios matemáticos,
muito utilizado nos manuais do seu tempo, estavam restritos à Geometria. Daí
Vico escrever:
E às suas custas experimentou que às mentes
alçadas ao universal pela metafísica não torna fácil aquele estudo próprios de
engenhos minuciosos, e deixou de seguí-lo, pois que aquele que põe em grilhões
e angustía a sua mente já avessa, de muito estudo de metafísica, a vagar no
infinito dos gêneros; e com a constante lição dos oradores, dos historiadores e
dos poetas deleitava o engenho entre coisas tão distantes liames que em certa
razão comum as aproximando, que são as belas cintas da eloquência que fazem
agradáveis as agudezas (tradução nossa)[6].
Para Giambattista Vico era mais adequado às crianças, além do
ensino de geometria, útil para adentrar nos juízos abstratos, o estudo das
línguas e dos historiadores. Tais estudos possibilitavam às crianças
desenvolverem a engenhosidade, a fantasia e a memória. Vico diz que também
acarretavam danos às mentes juvenis os manuais de Port Royal, conhecidos por Lógica
de Arnaud. Tais manuais antecipavam nos jovens os raciocínios repletos de
devaneios, distanciando-os do senso comum e do processo cognitivo natural das
mentes ainda pueris. Daí provocarem nos jovens enorme prejuízo para
sociabilidade e modos de expressão deles.
De modo que, com razão, os antigos apreciaram [como]
estudo apropriado, para se aplicar às crianças, a Geometria, e a consideraram
como uma lógica própria daquela tenra idade, pois à medida que compreende bem
os particulares e sabe ordená-los fio a fio, tão dificilmente compreende os
gêneros das coisas; o próprio
Aristóteles, ainda que do método utilizado pela geometria tivesse extraído a
arte silogística, até convém onde afirma que às crianças devam se ensinar as
línguas, a história e a geometria como matérias mais apropriadas para exercitar
a memória, a fantasia e o engenho. Por isso se pode facilmente entender com
quanto prejuízo, com que cultura da juventude, hoje, no método de estudar, são
utilizadas por alguns, duas práticas perniciosas. A primeira, que às crianças
apenas saídas da escola de gramática se inicie a filosofia com base na lógica,
[aquela conhecida por] lógica de Arnauld, toda repleta de severos juízos sobre
matérias recônditas de ciências superiores, todas distantes do senso comum
vulgar; (tradução nossa) [7].
O mais adequado, conforme Vico era que a criança fosse
instruída, primeiro na Tópica, pois
esta arte favorecia o desenvolvimento do ingegno,
para depois ser instruído na Critica [8].
Este era a característica mais particular de uma mente que se encontrava em
processo de formação. A não observância desse processo era o que acarretava aos
jovens, que adentravam a sociedade, a incapacidade de conseguirem se expressar
de modo conveniente e com pouca loquacidade. Nesse sentido, ele argumenta:
Mas, com tais lógicas, os jovenzinhos,
transportados antes do tempo à crítica, que é o mesmo que dizer, levados a
julgar bem antes de aprenderem bem, contra o curso natural das ideias, que
primeiro aprendam, depois julguem e finalmente raciocinem, torna a juventude árida no explicar-se, e sem fazer mais nada, julgam todas as coisas. Ao
contrário, se eles na idade do engenho, que é a juventude se dedicassem à
tópica, que é a arte de encontrar, que é o único privilégio dos engenhos (como
Vico, advertido por Cícero, empregou-se na sua), eles preparariam a matéria para depois julgar bem,
porque não julga bem se não se conhece o todo da coisa, e a tópica é a arte de
encontrar em cada coisa tudo quanto está nela; assim de modo natural iriam a se
formar, os jovens filósofos e bem
falantes (tradução nossa) [9].
As reflexões de Vico estavam alicerçadas no pensamento de
quatro autores [quattro autori]:
Platão, Tácito, Bacon e Grócio. Cada um desses pensadores, influenciando de
modo particular a elaboração de seu pensamento. Os dois primeiros foram Platão
e Tácito: o primeiro despertou-lhe para os raciocínios metafísicos e políticos,
o segundo, que raciocinava metafisicamente, compreendia o homem sob os seus
aspectos reais. Francis Bacon, pela erudição e prática governamental,
concatenava o que havia de melhor tanto em Platão, quanto em Tácito. Hugo
Grócio, pensador do jusnaturalismo, foi aquele que veio mais tardiamente,
quando Vico já se encontrava com as ideias bem elaboradas, granjeou-lhe a
simpatia pelo modo magistral com o qual fez uso da Filosofia e da Filologia[10].
Em sua Autobiografia, Vico
explicitava as razões da sua escolha desses autores, de modo pormenorizado. Ele
escreve:
Até [então] Vico admirava acima de todos os
outros doutos, dois que foram Platão e Tácito; porque com uma mente metafísica
incomparável, Tácito contempla o homem como [ele] é, Platão como deve ser; e
como Platão com aquela ciência universal se estende a todas as partes da
honestidade que cumpre o homem sábio de ideia, assim Tácito desce a todos os
conselhos da utilidade, porque entre os infinitos e irregulares eventos da
malícia e da fortuna se conduza bem o homem de sábio de prática. (...) Quando
finalmente vem a ele noticia de Francis Bacon senhor de Verulamio, homem
igualmente de incomparável sabedoria quer vulgar quer douta, como aquele que
foi [ao mesmo tempo], um homem universal em doutrina e em prática, como raro
filósofo e grande ministro de Estado da Inglaterra. E, deixando de lado seus
outros livros, em cujas disciplinas tiveram talvez iguais ou melhores, naquele
[seu] De augmentis scientiarum
aprendeu tanto que, como Platão é o príncipe do saber dos gregos e os gregos
não tinham um Tácito, do mesmo modo, um Bacon falta quer aos latinos quer aos
gregos; que um só homem visse o quanto falte no mundo das letras que se deveria
descobrir e promover, e de (...) quantos e quais defeitos seja preciso
corrigir-se; (...) E, Vico tendo proposto estes três singulares autores desde
sempre de tê-los diante dos olhos no meditar e no escrever, assim andou
elaborando seus trabalhos de engenho, (...) (tradução nossa) [11].
Não obstante Vico citar quatro autores [quattro autori] principais para a formação de seu pensamento, a
leitura de seus escritos denotam, no entanto, o contrário. Vemos o quanto foram
relevantes outros autores, entre poetas, historiadores, gramáticos e
jusnaturalistas. Ele resgata a relevância da Retórica, não em seu sentido
vulgar de ser apenas arte de se expressar [12],
mas, acima de tudo, como arte do convencimento, da expressão objetiva, emotiva
e responsável. O retórico deve ter em vista, antes de qualquer coisa, um
discurso do bem comum, ou das vantagens da vida em comunidade. Em suas Orações inaugurais [Orazioni Inaugurali] é perceptível que todas abordavam temas
relativos à natureza humana, à religião e de ordem político-social. Como atesta
a sua Autobiografia:
Por isso ele nas suas orações feitas, [por
ocasião] da abertura dos estudos na régia universidade, utilizou sempre a
prática de propor argumentos universais, extraídos da metafísica para o uso
civil; e com este aspecto tratou ou dos fins dos estudos, como nas seis primeiras,
ou do método de estudar, como na segunda parte da sexta e em toda a sétima. As
três primeiras tratam, em especial, dos fins convenientes à natureza humana, as
duas outras principalmente dos fins políticos e a sexta do fim cristão
(tradução nossa) [13].
A primeira Oração
Inaugural foi escrita em 1699. Nesse escrito, ele propõe de devermos
utilizar todo potencial de nossa mente na busca do conhecimento. Como Deus é a
mente de tudo, a mente do homem é para o próprio como uma divindade. A segunda Oração, escrita no ano seguinte, 1700,
argumenta que devemos moldar o espírito em conformidade com o nosso intelecto,
para o comando das nossas ações. O homem deve ter, por fim último, a verdade e
a honestidade, e os sentidos devem ser submetidos ao raciocínio. Aquele homem
que não segue este modo de conduzir-se age como se travasse uma batalha contra
si próprio. Na terceira oração, recitada no ano de 1701 [14],
Vico afirma ser a mesma um apêndice daquelas duas primeiras, e critica aqueles
pensadores repletos de objeções que, encobertos sob o manto de uma falsa
erudição, produziam textos de pouca ou nenhuma utilidade para a já demasiada
abarrotada República das Letras. A seguinte passagem de sua Vita atesta essas considerações sobre as
três primeiras orações inaugurais:
A primeira recitada em dezoito de outubro de
1699, propõe que cultivemos a força de nossa mente em todas as suas faculdades,
(...) E prova ser a mente em via de proporção o deus do homem, assim como Deus
é a mente de tudo; (...) A segunda oração, recitada no ano de 1700, contém que
formemos o ânimo com as virtudes em consequência das verdades da mente, (...) E
faz ver este universo [como] uma grande cidade, na qual com uma lei eterna Deus
condena os estúpidos a fazer uma guerra contra si mesmo, (...) A terceira
oração, recitada no ano de 1701, é como um apêndice prático das duas
anteriores, sobre este argumento: deve separar-se da comunidade literária toda
a fraude perversa, se deseja adorná-la com erudição genuína, e não falsa,
sólida, e não vã. E demonstra que na república literária é preciso viver com
justiça, e se condenam os críticos complacentes, que exigem com iniquidade os
tributos deste erário, os obstinados das seitas, que impedem que se aumentem o
erário, os impostores, que fraudam com suas contribuições o erário das letras
(tradução nossa) [15].
A quarta Oração inaugural, apresentada em 1704 [16],
sustenta que toda busca do conhecimento deve ter por principal meta o bem
comum. Aqui o alvo de Giambattista Vico seriam aqueles falsos doutos que se
dedicavam aos estudos visando unicamente os proveitos particulares. A quinta Oração vem a público no ano de 1705 [17],
nela Vico expõe seus argumentos sobre a finalidade prática dos estudos, pois
grandes foram os progressos dos Estados quando do investimento no conhecimento.
Tais argumentos são justificados historicamente pelos sucessos dos grandes
impérios da humanidade na obtenção de crescimento, quando dedicaram esforços na
busca de conhecimento. Conforme a seguinte passagem:
A quarta oração,
recitada no ano de 1704, propõe este argumento: Se alguém quiser adquirir as
máximas vantagens dos estudos literários, e estiver sempre unida com a
honestidade, tem de instruir-se na glória, no dizer e no bem comum. Ela é
contra os falsos doutos que estudam apenas para a própria utilidade, (...) Na
quinta oração, recitada no ano de 1705, se propõe: Os estados tiveram mais fama
em proezas militares, e [foram] mais poderosos em seus domínios, quanto mais se
desenvolveram nas letras. E se prova vigorosamente com boas razões, e depois se
confirma com esta eterna sucessão de exemplos[18].
A sexta Oração inaugural, do ano de 1707 [19],
foi uma das mais relevantes, pois Vico ampliou-a posteriormente,
transformando-a em uma de suas obras mais importante: o De nostri temporis studiorum ratione, ou simplesmente, De ratione, publicada como livro em
1708. Em tal obra, o autor defende quais devem ser os objetivos dos estudos,
bem como o melhor caminho que se deve percorrer para a obtenção de um bom
aproveitamento. Ainda na mesma oração, podemos identificar a sua proposta de
uma reforma do saber:
Na sexta oração, recitada no ano de 1707,
trata este argumento misturado com a finalidade dos estudos e da ordem de
estudar: O conhecimento da natureza corrupta dos homens convida e incita a
colocar-se na corrente do conjunto de todas as artes liberais e das ciências, e
propõe, e expõe uma reta ordem, fácil e perpétua para chegar a conhecê-las
(tradução nossa) [20].
Vico explica ser o homem uma criatura tripartida em
consequência do Pecado Original[21].
Tal tripartição seria: língua, modo particular de se expressar; raciocínio,
também particular em razão das diversas opiniões conflitantes e pela
diversidade dos apetites e, por último, o coração, representado pelos sentidos
que, pela invariável semelhança dos vícios, torna os indivíduos concordes.
Segundo ele, três coisas possibilitam unir os homens em um sentimento comum:
virtude, ciência e eloquência. Aplicar-se aos estudos das línguas é preciso em
razão de que essa disposição humana é responsável por nossa sociabilidade. Não
obstante serem tão diversas e particulares em determinados povos,
possibilitou-lhes manterem-se unidos aqueles que falavam a mesma língua [22].
Vico sustenta que pela linguagem deveriam se iniciar os estudos dos povos:
Aqui ele faz os ouvintes entrarem em uma
meditação sobre si mesmo, que o homem, [sob] a pena do pecado, está separado do
homem em língua, mente e coração: pela língua, que com frequência não socorre e
frequentemente trai as ideias, pelas quais o homem queira e não pode unir-se ao
homem; com a mente pela variedade das opiniões nascidas da diversidade dos
gostos dos sentidos, nos quais o homem não concorda com outro homem; e
finalmente com o coração, pelo qual, corrompido, também a uniformidade dos
vícios não concilia o homem com o homem. Onde prova que a pena da nossa
corrupção deva ser corrigida com a virtude, com a ciência, com a eloquência, por
[estas] três coisas o homem unicamente sente o mesmo que outro homem. E isto,
por aquilo que se atém aos fins dos estudos. No que diz respeito à ordem de
estudar, prova que, assim como as línguas foram o mais potente meio de deter a
sociedade humana, assim das línguas devem começar os estudos, porque todas elas
se atém à memória, na qual vale admiravelmente a infância (tradução nossa) [23].
É sabido que o autor considerava a importância das línguas
pelo fato de elas possuírem um estreito laço com a memória e fantasia: algo
determinante para a capacidade cognitiva infantil. O autor costuma fazer
comparações entre a mente dos primeiros pais da humanidade com a mente juvenil.
Desse modo, pelas mesmas vias por onde conduziram-se os antigos, que foi
mediante a História, seja ela verdadeira ou fantástica, assim também deveriam
ser encaminhada as crianças e jovens nos processo educativo[24].
Giambattista Vico foi um autor comprometido com o seu tempo,
com a vida político-social, com a religião e com a formação dos indivíduos, em
particular, com indivíduos preocupados e empenhados em preservar esses
elementos considerados de extrema importância para a manutenção da vida social.
Eis o motivo de estar sempre reescrevendo suas obras, ou reelaborando suas
ideias. Rebateu com veemência as críticas feitas às Letras como aquelas
suscitadas pelos autores de orientação cartesiana. Buscou unir o que havia de
melhor no pensamento filosófico com o acervo filológico. Construiu, conforme
suas palavras, uma história das línguas e das coisas. Combinando e acertando o
que de melhor havia sido produzido pelos homens das Letras, com o que foi
refletido pelos homens das ideias[25].
GENERALI, D. (Retirado
em 27/10/2010/, do World Wide Web: http://www.vitapensata.eu/2010/08/03/la-nuova-scienza-in-italia-nel-primosettecento/).
HEGEL. G. W.
F. A Razão na História: Uma Introdução
Geral à Filosofia da História Introdução de Robert S. Hartman. Tradução de Beatriz Sidou. -- 2.
ed. -- São Paulo : Centauro, 2001,p.
44.
HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. W.
Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos [1969]. Trad. br. Guido
Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1985.
[1] Cf. VICO, Giambattista. Vita Scritta da se medesimo, in: Opere, p. 17.
[2]
Sobre tais questões são pertinentes os estudos de Eugenio Garin. GARIN, Eugenio. Storia della filosofia italiana, Torino Einaudi,1966, II, pp.
920-937. Também Ernesto Grassi. Filosofia
critica o filosofia topica: il dualismo di pathos e ragione, in
<>, 1969, pp. 109-121. Ver também: MODICA, Giuseppe. La
filosofia del <> in Giambattista Vico . Salvatore
Sciascia Editore. Caltanissetta-Roma, 1983, p. 41.
[3] Cf. VICO, Giambattista. Vita Scritta da se medesimo, in: Opere, p. 16.
[4] VICO, Giambattista. Vita Scritta da se medesimo, in: Opere p. 15: “Ad un medesimo tempo le opere filosofiche di Cicerone, di Aristotile e di
Platone, tutte lavorate in ordine a ben regolare l’uomo nella civile società,
fecero che egli nulla o assai poco si dilettasse della morale così degli stoici
come degli epicurei, siccome quelle che entrambe sono una morale di solitari:
degli epicurei, perché di sfaccendati chiusi ne’ loro orticelli, degli stoici,
perché di meditanti che studiavano non sentir passione.”
[5] Cf. VICO, Giambattista. Vita Scritta da se medesimo, in: Opere, pp. 6-7.
[6] VICO, Giambattista. Vita Scritta da se medesimo, in: Opere, p. 16: “E a suo costo sperimentò che alle
menti già dalla metafisica fatte universali non riesce agevole quello
studio propio degli ingegni minuti, e
lasciò di seguitarlo, siccome quello che poneva in ceppi ed angustie la sua mente
già avezza col molto studio di metafisica a spaziarsi nell’infinito de’ generi;
e con la spessa lezione di oratori, di storici e di poeti dilettava l’ingegno
di osservare tra lontanissime cose nodi che in qualche ragion comune le
stringessero insieme, che sono i bei nastri dell’eloquenza che fanno
dilettevoli l’acutezze”.
[7] Ibidem: “Talché con ragione gli antichi stimarono studio propio da
applicarvisi i fanciulli quello della geometria e la giudicarono una logica
propia di quella tenera età, che quanto apprende bene i particolari e sa fil
filo disporgli, tanto difficilmente
comprende i generi delle cose; ed Aristotile medesimo, quantunque esso dal
metodo usato dalla geometria avesse astratto l’arte sillogistica, pur vi
conviene ove afferma che a’ fanciulli debbano insegnarsi le lingue, l’istorie e
la geometria, come materie più propie da esercitarvi la memoria, la fantasia e
l’ingegno. Quindi si può facilmente intendere con quanto guasto, con che
coltura della gioventù, oggi da taluni nel metodo di studiare si usano due
perniziosissime pratiche. La prima, che a fanciulli appena usciti dalla scuola
della gramatica si apre la filosofia sulla logica che si dice <>, tutta ripiena di severissimi giudizi d’intorno a materie
riposte di scienze superiori e tutte lontane dal comun senso volgare;” .
[8] O
papel da primeira era criar (pois conforme já dizia o autor, nela reside o
engenho) e da segunda refletir sobre o conhecimento produzido.
[9] VICO, Giambattista. Vita Scritta da se medesimo, in: Opere, p. 17: “Ma, con tai logiche, i giovinetti,
trasportati innanzi tempo alla critica, che è tanto dire portati a ben
giudicare innanzi di ben apprendere,
contro il corso natural dell’idee, che prima apprendono, poi giudicano, finalmente
ragionano, ne diviene la gioventù arida
e secca nello spiegarsi e, senza far mai nulla, vuol giudicar d’ogni cosa. Al
contrario, se eglino nell’età dell’ingegno, che è la giovanezza, s’impiegassero
nella topica, che è l’arte di ritrovare, che è sol privilegio dell’ingegnosi
(come il Vico, fatto accorto da Cicerone, vi s’impiegò nella sua), essi
apparecchierebbero la materia per poi ben giudicare, poiché non si giudica bene
se non si è conosciuto il tutto della cosa, e la topica è l’arte in ciascheduna
cosa di ritrovare tutto quanto in quella è; e sì anderebbono dalla natura
stessa i giovani a formarsi e filosofi e ben parlanti”.
[10] Cf. VICO, Giambattista. Vita Scritta da se medesimo, in: Opere, p. 44.
[11] VICO, Giambattista. Vita Scritta da se medesimo, in: Opere, pp. 29-30: “Fino a questi tempi il Vico ammirava
due soli sopra tutti gli altri dotti, che furono Platone e Tacito; perché con
una mente metafisica incomparabile Tacito contempla l’uomo qual è, Platone qual
dee essere; e come Platone con quella scienza universale si diffonde in tutte
le parti dell’onestà che compiono l’uom sapiente d’idea, così Tacito discende a
tutti i consigli dell’utilità, perché tra gl’infiniti irregolari eventi della
malizia e della fortuna si conduca a bene l’uom sapiente di pratica. (...)
Quando finalmente venne a lui in notizia Francesco Bacone signor di Verulamio, uomo ugualmente
d’incomparabile sapienza e volgare e riposta, siccome quello che fu insieme
insieme un uomo universale in dottrina ed in pratica, come raro filosofo e gran
ministro di stato dell’Inghilterra. E, lasciando da parte stare gli altri suoi
libri, nelle cui materie ebbe forse pari e migliori, in quelli De augumentis
scientiarum l’apprese tanto che, come
Platone è il principe del sapere de’ greci e un Tacito non hanno i greci, così
un Bacone manca ed a’ latini ed a’ greci; che un sol uom vedesse quanto vi
manchi nel mondo delle lettere che si dovrebbe ritruovare e promuovere, (...)
di quanti e quali difetti sia egli necessario emendarsi; (...) E, propostisi il
Vico questi tre singolari auttori da sempre avergli avanti gli occhi nel
meditare e nello scrivere, cosí andò dirozzando i suoi lavori d’ingegno,
(...)”. Ver também
a página 44.
[12]
Segundo Vico, as sociedades se degeneravam quando os pensadores, semelhantes
aos cartesianos, esqueciam de como se comunicar, ou como os retóricos de
orientação manierista, que procuravam tão-somente brincar com a linguagem,
buscavam apenas ser astutos e não verdadeiros.
[13] VICO, Giambattista. Vita Scritta da se medesimo, in: Opere, pp. 30-31: “Imperciocché egli nelle sue orazioni fatte nell’aperture degli studi nella
regia università usò sempre la pratica di proporre universali argomenti, scesi
dalla metafisica in uso della civile; e con questo aspetto trattò o de’ fini
degli studi, come nelle prime sei, o del metodo di studiare, come nella seconda
parte della sesta e nell’intiera settima. Le prime tre trattano principalmente
de’ fini convenevoli alla natura umana, le due altre principalmente de’ fini
politici, la sesta del fine cristiano”.
[14]
De acordo com os estudos de Fausto Nicolini, esta oração teria sido recitada
verdadeiramente no ano de 1702. Cf.
Giambattista Vico Opere, Comento e note, p. 1273 à nota 7.
[15] VICO, Giambattista. Vita Scritta da se medesimo, in: Opere, p. 31-32: “La prima, recitata li diciotto di
ottobre 1699, propone che coltiviamo la forza della nostra mente divina in
tutte le sue facoltà, (...) E pruova la mente umana in via di proporzione esser
il dio dell’uomo, come Iddio è la mente del tutto; (...) La seconda orazione,
recitata l’anno 1700, contiene che informiamo l’animo delle virtù in
conseguenza delle verità della mente, (...) E fa vedere questo universo una
gran città, nella quale con una legge eterna Iddio condanna gli stolti a fare
una guerra contro di se medesimi, (...) L’orazion terza, recitata l’anno 1701,
è una come appendice pratica delle due innanzi, sopra questo argomento: A
litteraria societate omnem malam fraudem abesse oportere, si vos vera non
simulata, solida non vana, eruditione ornari studeatis. E dimostra che nella repubblica letteraria
bisogna vivere con giustizia, e si condannano i critici a compiacenza, che
esiggono con iniquità i tributi di questo erario, gli ostinati delle sètte, che
impediscono accrescersi l’erario, gl’impostori, che fraudano le loro
contribuzioni all’erario delle lettere.”
[16] A
data desta oração, também não é exata. Conforme Nicolini, ela foi recitada no
ano anterior 1703. Entretanto, outro estudioso S. Monti argumenta que ela foi
proferida em 1705, em razão do biênio de silêncio entre os anos de 1703 1705
devido ao concurso universitário, por tal motivo não teria acontecido neste
período às ditas Orações Inaugurais que abriam o ano acadêmico. (Cf. VICO, Giambattista. Opere. Andrea Battistini, Comento
e note, p. 1274 à nota 10.).
[17]
De acordo com as pesquisas de S. Monti, esta oração foi recitada no ano de
1706. (Cf. Giambattista Vico. Opere. Comento e note, p. 1274 à
nota 7.).
[18] VICO, Giambattista. Vita Scritta da se
medesimo, in: Opere, pp. 32-34: “La quarta orazione, recitata l’anno
1704, propone questo argomento: Si quis
ex litterarum studiis maximas utilitates easque semper cum honestate coniunctas
percipere velit, is gloriae sive communi bono erudiatur. Ella è contra i
falsi dotti che studiano per la sola utilità, (...) Nella quinta orazione,
recitata l’anno 1705, proponsi: Respublicas
tum maxime belli gloria inclytas et rerum imperio potentes, quum maxime litteris floruerunt. E si pruova vigorosamente con buone
ragioni, e poi si conferma con questa perpetua successione di esempli”.
[19]
De acordo com Fausto Nicolini esta oração foi recitada em verdade no ano de
1706, no entanto os estudos de S. Monti apontam que esta data está correta. (Cf. Giambattista Vico. Opere. Comento e note, p. 1276 à nota 8.).
[20] VICO, Giambattista. Vita Scritta da se medesimo, in: Opere, pp. 34: “Nella orazion sesta, recitata l’anno
1707, tratta quest’argomento mescolato di fine degli studi e di ordine di
studiare: Corruptae hominum naturae cognitio ad universum ingenuarum artium
scientiarumque absolvendum orbem invitat incitatque, ac rectum, facilem ac
perpetuum in iis perdiscendis ordinem proponit exponitque.”
[21] Sobre este tema são relevantes as considerações de
Francesco Botturi: “A condição histórica da queda é vivida por este motivo
necessariamente no engano das ‘falsas religiões’ e em certo sentido, na
indefinida reiteração do pecado da ‘curiosidade’ original: as formas
idolátricas e divinatórias são, de fato, o prosseguimento – a
intitucionalização, se pode dizer – do pecado original”. [La condizione storica decaduta è
vissuta perciò necessariamente nell’inganno delle “false religioni” e in un
certo senso nella indefinita reiterazione del peccato della “curiosità”
originale: le forme idolatriche e divinatorie sono infatti la prosecuzione – la
istituzionalizzazione, si potrebbe dire - del peccato originale]; (BOTTURI,
Francesco. (2003). Caduta e storia:
note sul “peccato originale” in G. B. Vico. Memorandum, 5,
18-35. Retirado em 12/11 2010/, do World Wide Web:
http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/artigos05/botturi01.htm.).
[22] O
autor tinha a ideia de construir uma espécie de dicionário mental, comum a
todos os povos.
[23] VICO, Giambattista. Vita Scritta da se medesimo, in: Opere, pp. 34-35: “Qui egli fa entrar gli uditori in una
meditazion di se medesimi, che l’uomo in pena del peccato è diviso dall’uomo
con la lingua, con la mente e col cuore: con la lingua, che spesso non soccorre
e spesso tradisce l’idee per le quali l’uomo vorrebbe e non può unirsi con
l’uomo; con la mente, per la varietà delle opinioni nate dalla diversità de’
gusti de’ sensi, ne’ quali uom non conviene con altr’uomo; e finalmente col
cuore, per lo quale, corrotto, nemmeno l’uniformità de’ vizi concilia l’uomo
con l’uomo. Onde pruova che la pena della nostra corruzione si debba emendare
con la virtù, con la scienza, con l’eloquenza, per le quali tre cose unicamente
l’uomo sente lo stesso che altr’uomo. E ciò, per quello s’attiene al fine degli
studi. Per quello riguarda l’ordine di studiare, pruova che, siccome le lingue
furono il più potente mezzo di fermare l’umana società, così dalle lingue deono
inco-minciarsi gli studi, poiché elle tutte s’attengono alla memoria, nella
quale vale mirabilmente la fanciullezza”.
[24] Cf. VICO, Giambattista. Vita Scritta da se medesimo, in: Opere, p. 35.