segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O esgotamento do ingenium na Europa o diagnóstico viquiano.


Resumo

No epistolário de Giambattista Vico e em alguns de seus escritos (De Ratione e Autobiografia), é possível identificar a denúncia de esvaziamento da capacidade inventiva nos centros de cultura europeus, em virtude do esgotamento do ingenium na Europa após o advento do cartesianismo. Daí o seu sentimento de atopia por constatar um quadro que se agravava ao poucos na Europa. Nesse sentido, adotamos para esta exposição a seguinte hipótese interpretativa: por causa desse acontecimento Vico compreendeu que o menosprezo em relação às suas novas descobertas, era sintoma da crise aludida, justificando assim a sua interpretação. Ademais o abandono de ciências relacionadas a doutrina dos Estados e da Moral, possibilitadoras de uma prática do saber voltada ao bem comum, seria expressão também dessa crise decorrente da nova orientação do saber. Daí o projeto de reforma do saber viquiano ter como preocupação o mundo civil em oposição aquele de René Descartes (1596-1650), fortemente fundamentado em princípios racionais-matemáticos e distanciados de toda tradição retórica e filológica. Isso justifica a proposta de Vico de uma nuova scienza e de uma nuova arte critica, iniciado no Diritto Universale e realizado na Scienza Nuova. Com base nessa hipótese dividimos esta apresentação em quatro momentos afim de uma melhor disposição dos argumentos: o primeiro tópico intitulado: Vico e o sentimento de atopia ante o seu presente; o segundo: Novidade no projeto viquiano de ciência e o cartesianismo; o terceiro: A incipiente recepção do Diritto Universale e da Scienza Nuova; o quarto e último: Vida Civil e significado prático do saber: os escritos da juventude.
*Texto apresentado na ANPOF no  XIV Encontro Nacional de Filosofia na cidade de Águas de Lindóia.