sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Cadê a Inocência?



Fortaleza 03 de fevereiro de 2012

Prof. Marcos Aurélio*

Ontem no dia 02 de fevereiro de 2012 ocorreu um fato que, embora seja desagradável, vem tornando-se comum, falo da violência nas escolas[1], em especial na escola pública. Na classe onde minha filha estuda um dos coleguinhas entrou armado com uma faca e tentou agredir outro companheiro de turma. A turma em questão é do primeiro ano de alfabetização, a idade média dos alunos é seis ou sete anos de idade. E aí a indagação: o que se passa na mente de um garoto nessa faixa etária, que entra com uma arma branca premeditando atos de violência contra outro colega?
 *

Tenho 36 anos e minha geração foi uma das que conseguiu manter certa inocência em relação a algumas atitudes que hoje parecem ser vistas como normais, a televisão e outras mídias atuais não tinha tanta influência. Falo da precocidade com a qual nossos filhos tomam ciência de coisas que, conforme disse acima, eram do conhecimento apenas dos adultos. Palavrão era palavrão, algo que se pronunciado causava vermelhidão (cor da vergonha) no rosto daqueles que ouviam as chamadas palavras obscenas. No entanto, essas são questões menos relevantes quando confrontadas com a realidade violenta e cruel com a qual a minha geração educa seus filhos. É verdade, a culpa é nossa! Pois como é que não conseguimos repassar às nossas crianças os mesmos princípios com os quais nossos pais nos educaram? Cadê a inocência! Sou educador, sou pai e optei por colocar meus filhos em escola pública, afinal de contas foi nela que se efetivou a maior parte de minha vida educacional, e com esta educação consegui formação acadêmica. Todos reclamam da qualidade do ensino público! Porém ninguém que ter responsabilidade com a educação elementar de seus filhos, me refiro aquelas noções básicas e primordiais de respeito ao próximo e à autoridade. Sim, como um aluno pode respeitar o professor se não respeita[2] os pais, principal figura de autoridade.
Sempre conduzindo minha filha à escola, relaxei ultimamente nessa tarefa repassando para um colega mais velho, e de repente vem essa notícia, porque minha maior temeridade era o retorno para casa, onde os perigos variam desde a pessoas com a mente doentia, fruto das mazelas sociais, ou de irresponsáveis que têm veículos nas mãos e conduzem-nos sem o devido cuidado pondo em risco a segurança dos outros. Porque de bicicleta já fui atropelado com minha filha por um carro, isso aconteceu a mais ou menos dois anos quando certa vez fui buscá-la na escola. Agora o perigo se revela dentro da sala de aula.
Como pesquisador e educador sou também um observador da conduta das pessoas que vivem na comunidade onde moro.  Pais e filhos são influenciados pela mídia covarde que tem como exemplo de conduta pessoal, pessoas como jogadores de futebol, que pela influência midiática podem ser o que quiserem, podendo ser repórteres, repórteres que podem ser jogadores, atores, cantores o diabo a quatro, enfim estereótipos sociais que vivem gozando a vida como acham que devem viver sem prestar contas de seus atos, e se esquecem que são “exemplos” porque é nisso que a mídia os transforma, “nossos heróis”, e hoje com a chamada cultura BAD BOY[3] onde o certo é ser errado explica-se o que estamos vivenciando. Os “programas para a família”, esses “Big Brothes”[4] ou combates como o MMA[5] e UFC, digo programas para a família, porque hoje os filhos ficam até tarde na TV e são esses os exemplos que nossos filhos têm, mas não porque são de fato exemplos a serem seguidos, mas porque nossas crianças e jovens, que se guiam verdadeiramente pelo exemplo dos pais, observam esses pais se comportarem em conformidade com o exemplo daquelas pessoas e programas televisivos que citamos acima.
**
Das cenas que presenciei nessas idas e vindas a escola para deixar e buscar minha filha obsersevei crianças da mesma faixa etária falando em cigarro de maconha (sem moralismo barato, mas a meu ver, tudo tem seu tempo, porque para tudo é necessário maturidade, maturidade essa que nada tem a ver com a idade real do indivíduo é sabido que existem pessoas que chegam a terceira idade e não tem maturidade para botar meio copo de cachaça na boca) na maior naturalidade. Outro exemplo: percebi uma mãe que conduzia a filha, também na mesma faixa etária de minha filha, isso já foi relatado por mim outro dia, a criança trazia na mão um celular onde ouvia “uma linda canção” comum entre nossos jovens, o refrão é bem constrangedor, pois diz assim:

“Buceta no chão, buceta no chão, buceta no chão!”[6]

É meus amigos, ou eu estou ficando “quadrado”, ou o mundo está acelerando o processo de “modernização” de nossas crianças tornando-as mais “moderninhas”! É isso mesmo! Lembram da TV XUXA? Tinha um personagem, o Moderninho[7], o primeiro boneco gay da TV, eu acho. Desculpe-me os homossexuais, mas o Moderninho era uma afronta à comunidade homossexual, pois deprimia e denegria os homossexuais, mostrando-os como bichas-louca, que é um dos principais modo de violência do homossexual em relação ao preconceituoso.  Foi este um dos exemplos que a minha geração recebeu. Aliás, foi a senhora Xuxa quem educou parte, senão toda a minha geração, eu sei! Foi ela quem popularizou o FUNK[8] e suas coreografias pornográficas. Novamente àqueles que me acusam de moralismo, tomem essa! É lindo ver a filha dos outros se rebolando em poses sexuais, mas já não é tão lindo quando é a sua ou a minha filha fazendo o mesmo. Não é Verdade?
Bem agora para finalizar voltemos ao caso do garoto da faca, conversei com a professora e o diretor da escola, algumas providências já foram tomadas, os órgão competentes foram acionados, mas cabe a nós pais discutirmos a situação em conjunto. E discutir não para julgar este garoto, que a meu ver é mais uma vítima dos exemplos que citei acima. Ele e seus responsáveis, mas não vamos tratá-los como coitadinhos não, pois se são seus responsáveis, então não estão agindo em conformidade com o que se espera de pais responsáveis. Não devemos fugir do problema com ações do tipo: retirar nossos filhos da escola, afinal nós pagamos os impostos que nos foram cobrados, muito menos exigir a saída desse garoto, pois ele é fruto de nossa sociedade e como tal é responsabilidade de todos da comunidade. Assim repito de novo: cadê a inocência de nossas crianças!

Obs: Não citamos o nome do colégio nem os nomes de atores desse ocorrido para preservar a sua integridade, assim saibam que este caso não é o primeiro caso de agressão que acontece, pois com um viramos notícia nacional! E essas ações têm ocorrido vez por outra. Mas como bem disse um amigo meu: “a grande mídia trata esses fatos como Furo de reportagem e não como fatos”, cujos fatos denunciam uma chaga social.

* Possui graduação em Filosofia Pela Universidade Estadual do Ceará. Bacharel, licenciado e Mestrado. Atua principalmente nos seguintes temas: Mito,. Poesia, Filosofia, Filologia, História,  Política  e Sociologia.


[2] E nesse caso também tem seus direitos desrespeitados, pois é competência dos pais o ensino de noções de civilidade e cordialidade.

Um comentário:

  1. Para aqueles que não sabem o que é e como se deve educar, significado do termo CRIANÇA ver http://origemdapalavra.com.br/palavras/crianca/

    ResponderExcluir

Alguém se habilita?