Finalmente está disponível no site do Mestrado da UECE a minha dissertação para obtenção do título de mestre: Vida civil e alerta contra a barbárie da reflexão em Giambattista Vico. Mais uma batalha vencida, mas é apenas uma das muitas batalhas que estão por vir. Agradecimentos especiais a todos aqueles que contribuíram para o desenvolvimento de minha pesquisa. Ressaltando nesse item a importância de pessoas como: Expedito Passos Lima por sua orientação magistral, Tânia (minha esposa) pela paciência, José Wagner pelo apoio moral e logistico rsrsrs, Liliane Severiano também pelo indispensável auxílio, aos meus professores de Italiano do IMPARH, à Capes pelo custeio da pesquisa e ao Mestrado Acadêmico da UECE. Para aqueles "sem saco" para ler tais tipos de pesquisas, as palavras do senhor Giambattista Vico explicam as razões e, desse modo, demonstram a atualidade de suas descobertas:
"Mas hoje o mundo ou flutua e oscila entre as tempestades provocadas nos costumes humanos pelo 'acaso' de Epicuro, ou é preso e fixo à 'necessidade' de Descartes; e assim, ou abandonando-se à cega sorte ou deixando-se carregar pela surda 'necessidade', pouco, se não até a moda, se cuida com os esforços invencíveis de uma escolha racional para regular uma, ou esquivar-se, (...) pelo menos de tornar mais forte a outra. Por isso não agradam livros que aqueles os quais, como as vestes, se encontram na moda. Mas isto explica o homem sociável na sua eterna propriedade (tradução nossa)".
[Ma oggi il Mondo o fluttua ed ondeggia tra le tempeste mosse a‘ costumi umani dal "caso" di Epicuro, o è inchiodato e fisso alla "necessità" del Cartesio; e così o abbandonatosi alla cieca Fortuna o lasciandosi strascinare dalla sorda necessità, poco se non pur nulla si cura con gli sforzi invitti di una elezion ragionevole di regolare l‘una o di schivare, (...) almeno di temprar l‘altra. Perciò non piacciono libri che quei i quali, come le vesti, si lavorino sulla moda; ma questo spiega l‘uomo socievole sopra le sue eterne propietà. VICO, Giambattista. Lettere, in: Opere, p. 323.]
Segue abaixo o resumo do texto e o link para acesso à pesquisa.
RESUMO
DANTAS, Marcos Aurélio da Guerra. Vida civil e alerta contra a barbárie da reflexão em Giambattista Vico. 2011. Dissertação (Mestrado)-Cursos de Mestrado Acadêmico em Filosofia. Centro de Humanidades.
Departamento de Filosofia, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2011.
A barbárie, em especial, a barbárie da reflexão, foi tratada por Giambattista Vico (1668- 1744), nos Princìpi di Scienza Nuova (Ciência Nova), de 1744, não obstante ser perceptível tal problemática em seus escritos anteriores. O desenvolvimento do pensamento viquiano, no decorrer da experiência acadêmica, finda com o alerta ante os riscos de uma nova barbárie ameaçadora da convivência civil. A presente pesquisa principia pelos seus escritos de juventude (Orazioni Inaugurali; De ratione; De antiquissima), mas considera também o seu Epistolário (1720-1729), pois se trata aqui de pensar a preocupação de Vico com a vida prática e civil. Para o seu projeto filosófico contribuíram algumas disciplinas pertencentes à tradição clássico-humanista: Retórica, Filologia, Poética. A retomada dessas disciplinas, em seu pensamento, objetivava pensar uma reforma do saber, oposta àquela cartesiana, em virtude dos excessos oriundos do método geométrico. O alerta viquiano contra a barbárie da reflexão não está separado dos rumos tomados pela racionalidade moderna, seja na sua expressão racionalista, seja naquela empirista. Daí o retorno aos Studia humanitatis, e às suas disciplinas que, pretende ser, antes de qualquer coisa, uma preocupação com a vida civil e a sua conservação, pois a experiência do humanismo renascentista oferece as fontes para a invenção de uma nuova scienza, voltada para a prática, e atenta a certo ethos. Vico defende os filósofos platônicos, porque políticos, e refuta as doutrinas dos estóicos e epicuristas: uma exigência de oposição a filósofos “monásticos e solitários”. Esta dissertação adota a seguinte hipótese interpretativa: a barbárie da reflexão é expressão da contradição entre civilidade e racionalidade que não implica avanço da civilidade, mas destruição: denunciada na Scienza Nuova, por causa dos riscos que já se anunciavam na experiência moderna. Vico identificou, ao longo de sua experiência como docente e filósofo, as consequências das mudanças ocorridas no método dos estudos, em particular, com a crise da antiga ratio studiorum jesuítica e com a nova reforma do saber postulada por Descartes. Em suma, Vico sabia que o ingenium havia se esgotado na Europa, pondo em risco a inventio: algo ameaçador para a melhor cultura da humanidade.
Palavras-chave: Vida civil. Barbárie. Cartesianismo. Nuova scienza. Racionalidade.
Aos amigos, professores e colegas meus sinceros agradecimentos.
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